Em 1 ano, 132 coletivos foram tomados por bandidos para fechar vias.
Nove ônibus são sequestrados e usados como barricadas no Itanhangá “Tá muito difícil trabalhar.
Os caras toda hora descem com fuzil, fecham a via, mandam a gente descer, ficam ameaçando, botam os passageiros pra baixo.
Tá muito difícil mesmo.” O desabafo é de um motorista de ônibus sobre a tática de criminosos de tomar coletivos a fim de fechar vias, crime cada vez mais comum no Grande Rio.
O objetivo é causar tumulto e dificultar a chegada das forças policiais durante operações ou confrontos com rivais. Nos últimos 12 meses, 132 ônibus foram sequestrados e usados como barricadas no Rio de Janeiro, segundo o sindicato das empresas, o Rio Ônibus.
Outros 29 veículos foram incendiados no mesmo período.
A conta do vandalismo já passou de R$ 70 milhões desde 2023. Em praticamente todos os casos, condutores e passageiros não são mantidos reféns, mas são obrigados a desembarcar às pressas, sob a mira de armas.
Os bandidos ora pegam as chaves, ora destroem o tambor de ignição — tudo para retardar a retirada das “barricadas”. Nesta quarta-feira (16), 9 ônibus foram usados por bandidos como barreira na Estrada do Itanhangá, na Zona Oeste do Rio, durante operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na comunidade da Tijuquinha.
O secretário de Segurança Pública do RJ, Victor Santos, disse que não houve feridos nem confronto. "Esse é o tipo de estratégia que os criminosos utilizam para desviar a atenção da Polícia Militar do ponto onde a gente está atuando ali, tentando criar essa cortina de fumaça, levando a desordem, o caos para pessoas inocentes", disse a porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Cláudia Moraes.
Bandidos usam ônibus como barricadas na Estrada do Itanhangá e na Muzema Reprodução/TV Globo Tarde de pânico Segundo Santos, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) frustrou uma tentativa de invasão do Comando Vermelho a Rio das Pedras, região dominada pela milícia. O setor de inteligência da Polícia Militar identificou que a Tijuquinha servia de base da facção para a investida.
O Bope foi acionado. Em retaliação, bandidos tomaram as chaves de nove ônibus e atravessaram os veículos na Estrada do Itanhangá, que dá acesso às comunidades da Muzema, Tijuquinha e Rio das Pedras. “Os criminosos entraram no coletivo, retiraram as chaves.
Isso já é uma praxe que tem sido feita.
É a forma que eles encontram de atrapalhar o trânsito, não só para a chegada de novas viaturas, mas também fazer com que um número grande de pessoas acabe transitando pelas vias”, disse o secretário. “O Comando Vermelho com esse planejamento de expansão tem causado esse tipo de transtorno.
Então, obviamente, a gente lamenta tudo que a população naquele local passou, principalmente os motoristas, todos os passageiros que estavam no ônibus, mas a polícia agiu dentro do que era possível fazer naquele momento, que era evitar um dano maior, que é colocar essa população em meio a uma troca de tiros entre traficantes e milicianos", completou.